segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

ônibus que fizeram história na Garcia



















Garcia Metropolitano




MARCOPOLO SÊNIOR ANO 2018/2018 WV 9-160 160 CV








Mercedes O500M 260CV Comil Campione 3.45






Busscar ano 90 MBB




Monobloco O 371 RSD Ano 90








Monobloco O371 RS ano 90





A História da Parque das Nações


É cada vez mais raro companhias de transportes urbanos manterem o mesmo nome por várias décadas, mas há ainda há exemplos.
Fundada em primeiro de agosto de 1956, a empresa Transportes Coletivos Parque das Nações, é uma das mais antigas do ABC Paulista, ainda em operação. Sempre teve a mesma garagem, na Praça Chile, onde,  havia brejos e ruas de terra, sinais de que a região pouco se desenvolveria. Não para quem era visionário. E otimista.

Apesar de a empresa ter sido criada em Santo André e ter sua história ligada ao crescimento do ABC e da capital paulista, a viação começa mesmo em Laranjal Paulista, interior, em uma lavoura de café. Os irmãos Antônio Sófio e Eunízio Sófio davam duro na plantação, desde as cinco da manhã até o cair da tarde. De família italiana, os dois eram obstinados pelo crescimento e não se conformavam com pouco.

No período pós-Segunda Guerra Mundial, a crise econômica afetava todos os setores. A indústria do café não era mais a mesma. No entanto, o fluxo de imigrantes para as plantações não parava. Os irmãos, que já eram casados e tinham família para sustentar, não tiveram dúvida: é na cidade que vai dar pra fazer a vida.
Depois de obter informações sobre as cidades que cercavam a capital com os próprios vendedores de café, viram que, apesar da crise, um setor não iria parar: o de transportes. As pessoas precisavam se locomover, enquanto a indústria dava sinais de que seria a solução nacional para uma economia que sucumbiria no pós-guerra, se continuasse majoritariamente agrária.

Foram 16 anos de luta: entregando leite em caminhões Ford surrados, levando operários por conta própria em peruas velhas, até que, “raspando todas as economias da família até o osso”, os irmãos conseguiram fundar a empresa de ônibus.

Um dos primeiros ônibus da empresa com os fundadores
Carlos Sófio, filho de Antônio, atual diretor da empresa, lembra dos trajetos de Santo André a  São Paulo: “Meu pai e meu tio  começaram com peruas e micro-ônibus. Era uma façanha ser transportador na época”.
Com o empobrecimento da massa trabalhadora, as periferias e os bairros mais distantes começaram a aparecer. Antes da infraestrutura chegar, lá estavam os ônibus. “Presenciamos nascer, o que ainda hoje é uma realidade: a exclusão urbana da massa trabalhadora”.
As pessoas que trabalhavam nas regiões centrais das cidades do ABC e de São Paulo precisavam de moradia. E muitos, apesar de operários, não tinham condições de morar nas vilas operárias, por mais contraditório que isso possa parecer. Essa exclusão urbana transformou-se em oportunidade para os empresários do setor de transporte. Oportunidade de ajudar, criando a ponte entre as vilas da exclusão e o mercado de trabalho, e de se beneficiar operando linhas e aumentando o capital.
Carlos Sófio acredita que o ônibus foi o meio de transporte que respondeu mais rapidamente ao crescimento desordenado das regiões metropolitanas. “Se fosse esperar governo pavimentar rua para levar bonde ou um transporte menos flexível, muita gente simplesmente não poderia sequer trabalhar”.
O empresário assumiu a Transporte Coletivos Parque das Nações, em 1975, quando o pai ficou doente. Ele conhecia a rotina do setor bem antes, quando acompanhava o pai e o tio na garagem. Sófio lembra que o pai se entregava à empresa com toda a força. Faltava motorista, estava Antônio dirigindo. Faltava mecânico, estava Antônio consertando. Assim como na lavoura de café, ele acordava de madrugada e ia dormir no início da madrugada seguinte. “Garagem que sequer era pavimentada. Os ônibus enfrentavam atoleiros na linha e no pátio”.
Quando começou a atuar definitivamente, em transportes, sendo sócio também em empresas como Santa Rita, Utinga, São Camilo e Alpina, todas em Santo André, Sófio viu uma realidade bem diferente da de hoje no setor. Realidade que apresentava prós e contras.
Era difícil trabalhar. As subidas de lama, principalmente nas proximidades da Avenida Itamaraty, em Santo André, os ônibus mal projetados (“parece que eles já saíam velhos de fábrica” – lembra Sófio), a falta de iluminação, e a baixa renda nas cidades, eram alguns dos muitos desafios na época. No entanto, se trabalhava com mais liberdade, com mais amor, com mais segurança e a interferência política era bem menor no setor.  Hoje, este é um dos grandes desafios para o transporte coletivo, exposto a políticas nem sempre públicas, no sentido que a palavra pública deveria ter.
“Na parte política, na região, aconteceram tantas coisas, que foi difícil sobreviver. Sempre tivemos empresas de médio e pequeno portes. Repentinamente, sentimos as pressões de muitos grandes de diversas áreas”
Sófio lembra da época que usava cartolina e carimbo para fazer passes artesanais. Dos socorros, os veículos que não suportavam as estradinhas de terra nas linhas que ligavam Santo André a São Paulo. Mas tudo isso, era encarado como desafio pelo empresário.
Quando se recorda das dificuldades que teve para manter a empresa em meio a escândalos de administrações e até mesmo a falta de companheirismo de alguns empresários, aí que ele revela o que realmente era problema.
A morte de Celso Daniel
Um dos momentos mais difíceis para o setor foi a reestruturação das linhas de ônibus em Santo André, no início dos anos 90, quando o poder público teve de assumir algumas linhas privadas e muitos que sequer tinham lidado com transportes na vida, por indicação política, estavam à frente de secretarias e órgãos gestores.
O episódio mais traumático foi o da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002. O Ministério Público levantou indícios de que algumas pessoas envolvidas com os transportes em Santo André estariam envolvidas no crime. Os promotores afirmaram que havia esquemas de captação ilegal de recursos em algumas empresas. Eram depoimentos, documentos, mudanças de linhas de ônibus inesperadas.
“O clima ficou pesado. A pressão era muito grande, não conseguia dormir, porque éramos cobrados de todos os lados. Nossa empresa, pequena, só queria operar suas linhas, que se limitaram a quatro: três intermunicipais e uma municipal em Santo André”.
Advogados de acusados e promotores procuravam quase diariamente os empresários, principalmente, os pequenos na região. “Na época, nem sabia o que tinha ocorrido direito. Não podia tomar partido para nenhum lado, não tinha nada a ver com o que havia ocorrido. O que chateava, era a generalização. Quantas vezes, eu era reconhecido como empresário de ônibus, em supermercados, lojas, shoppings, etc, e logo ligavam todos os donos de empresas de ônibus a morte do prefeito. Até amigos de longa data”.
Carlos Sófio disse que só conseguiu sobreviver à turbulência porque apenas fez o que tinha de ser feito….continuar trabalhando, sem tomar partido.
A empresa de Sófio conseguiu vencer as turbulências políticas do setor na época. Segundo ele, o espírito de perseverança e de luta do tio e do pai, que passa de geração em geração, foi fundamental. “Descendente de italiano é gente dura, forte, inabalável, o que não significa que não passei por momentos que pensei em desistir. Com sabedoria, não criei inimizades, não me aprofundei em assuntos que não me diziam respeito e, hoje, gosto muito dos meus companheiros de setor”.
Sófio reconhece que, num ramo da economia, o de transportes urbanos de passageiros, que é cada vez mais centralizado, manter uma pequena empresa é um mérito. “Os pequenos e médios têm sua força também. Senti isso quando era procurado no fatídico episódio de Santo André”.
Muitas famílias que operavam no ABC Paulista e que eram até mais fortes, acabaram saindo do setor. A centralização em grandes grupos começou no fim dos anos 80 e o caso Celso Daniel, não contribuiu diretamente para essa centralização, mas foi um elemento que revelou uma realidade na administração pública de transportes.
Após as reorganizações do setor, famílias como a Passarelli, que teve várias empresas, ou Romano, que controlava uma das mais tradicionais da região, a Viação Padroeira do Brasil, extinta, perderam participação.
“Todo o dia agradeço a Deus. Somos pequenos, mas honestos e trabalhadores. A Parque das Nações é um exemplo da garra  que vem do lado italiano da família e da paixão que é o reflexo do ‘abrasileiramento’ de nossa família”.

Fonte: Diário do Transporte
Texto: Adamo Bazani

A história do Chevrolet D60.

  https://youtu.be/r-LEOA3ukfU?si=vOKOpglJUILQWhTy