quarta-feira, 10 de maio de 2017

AS GRANDES COMPRAS DA CMTC QUE DITAVA A TENDÊNCIA E EVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES NA AMÉRICA LATINA

 


As grandes compras da CMTC
Empresa operadora municipal de São Paulo tinha o poder de determinar tendências no mercado de transportes e elevar modelos de ônibus ao sucesso ou rebaixá-los ao fracasso

ADAMO BAZANI – CBN

Não é saudosismo. È fato! A CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos – foi um dos maiores fenômenos do transporte não só em São Paulo e no Brasil, mas em todo o mundo.
Seu tamanho, operando a maior frota pública da América Latina, e sal atuação e influência faziam da CMTC ponto obrigatório de visitas de delegações de profissionais do setor de transportes de várias partes do mundo.
Infelizmente vítima das condutas viciosas da máquina pública, de gastar mais que arrecada, criar cabidões de emprego e de um pensamento no mínimo desprezível de encarar o dinheiro público com dinheiro de ninguém, mas que todo o mundo pode mexer, em boa parte de sua a atuação, a CMTC acumulou déficits e problemas administrativos que fizeram com que o ícone dos transportes acabasse entre 1993, com a venda dos ônibus, linhas e garagens, e 1994, com a venda dos trólebus.
A empresa que foi criada em 1946 e começou a funcionar em 1947, assumindo o patrimônio de bondes e linhas desprezado pela canadense Light and Power Co. e reorganizando os transportes por ônibus, chegando a operar 90% do sistema, implementou uma nova metodologia de transportes que nasceria tarde frente ao crescimento urbano acelerado e desorganizado e foi responsável pela cidade de São Paulo, apesar de suas carências e defeitos, ter orgulho de uma empresa de transporte que era a marca da cidade.
O pioneirismo no uso do trólebus, que começou a operar de forma comercial na cidade em 22 de abril de 1949, na utilização de combustíveis alternativos ao petróleo, que foi desde o gás natural, passando pelo etanol, pelo diesel de fontes renováveis até o gás de lixo, o metano, mostrou que a CMTC era sinônimo de um investimento com vistas a melhoria da qualidade de vida da população, que não seria feito, por limitações econômicas ou pelo pouco interesse em aplicar no novo que custe mais por parte dos empresários particulares de ônibus.
Apesar de onerar os cofres públicos, não foi esta a causa de a CMTC ter quebrado. Nem sua participação como fabricante de veículos, a exemplo dos trólebus em 1963 e do Mônika a partir de 1967.
Pelo seu tamanho e por contar com operadores e técnicos de grande capacidade, a CMTC tinha o poder de determinar o mercado de ônibus brasileiro. Muitos empresários esperavam primeiro a CMTC comprar determinado ônibus. Se os profissionais da Companhia o aprovassem, então era sinal de que o modelo era bom.
Além disso, as grandes compras e reformas de frota da CMTC mexiam de forma significativa no mercado, fazendo com que empresas fabricantes crescessem ou amargassem sérias dificuldades.
O cancelamento de uma encomenda de mais de 100 carrocerias de trólebus foi apontado como um dos motivos para a falência da Ciferal em 1982, aliado à problemas administrativos,
Quando um modelo era comprado pela CMTC, no entanto, era sinônimo de sucesso para a indústria brasileira.
E em sua história foram várias as aquisições. Pouco depois de ser criada, em 1949, além de adquirir dezenas de trólebus, a CMTC comprou 200 ônibus diesel. Nos anos de 1950, foi a vez da subsidiária da italiana Siccarr vender mais de 100 veículos à cidade de São Paulo. Em 1978, um recorde histórico: foram comprados 2 mil ônibus Monobloco O 362 da Mercedes Benz, a maior encomenda individual da marca alemã. Em 1982, novo destaque. Foram 250 monoblocos Mercedes O 364 e 100 ônibus Padron II, que agregavam para a época modernidade, segurança e conforto pouco vistos em ônibus urbanos, modelo Caio Amélia sobre chassi Volvo B 58, dotado de suspensão a ar, como na foto.
Se o mundo dos ônibus fosse como o mundo da moda, a CMTC era quem lançava tendências e brilhava nas passarelas.
Adamo Bazani

Fonte : Blog ponto de ônibus


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